Carlo M. Cipolla, um conhecido historiador italiano, editou em 1989, um livro com o nome de "Allegro, ma non troppo", no qual apresenta um ensaio sobre um tema que todos nós conhecemos mas ao qual não damos a merecida atenção, a questão da estupidez humana.
Neste livro, Cipolla enumera 5 Leis Fundamentais para formular a Teoria Geral da Estupidez. São elas as seguintes:
1. "Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subavalia o número de indivíduos estúpidos em circulação" Explica Cipolla que muitas das pessoas que consideramos racionais e até mesmo inteligentes, são capazes de, num determinado momento e local menos apropriado, ter uma ou várias atitudes inequívoca e irremediavelmente estúpidas.
2. "A probabilidade de que certa pessoa seja estúpida é independente de qualquer outra característica da mesma pessoa" Isto porque existem pessoas estúpidas independentemente do sexo, raça, país, religião, profissão, estatuto social e cultural. Existem em todo o lado.
3. "Uma pessoa estúpida é uma pessoa que causa um dano a uma outra pessoa ou grupo de pessoas, sem, em contrapartida, realizar alguma vantagem para si própria, ou inclusivamente sofrendo uma perda" Para explicar esta lei, Cipolla elabora uma topologia do comportamento humano, o qual divide em quatro categorias: - o inteligente é aquela pessoa que, na sua relação com os demais, além de obter vantagens para si próprio, consegue ao mesmo tempo vantagens para os outros; - o imprudente é o indivíduo que proporciona um ganho à outra pessoa e uma perda para si próprio; - o bandido é o sujeito que ao roubar, causa uma perda exactamente de igual valor ao seu próprio ganho; - o estúpido é aquele que causa uma perda a outra pessoa e não consegue nenhum benefício para si próprio.
4. "As pessoas não estúpidas subavaliam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas. Em particular os não estúpidos esquecem que em qualquer momento e lugar, e em qualquer circunstância, pactuar ou associar-se com indivíduos estúpidos acaba por significar um erro com custos elevadíssimos" Quando alguém acredita que um estúpido só causa danos a si próprio, está a confundir a estupidez com a imprudência. Existem outras pessoas que acreditam que podem manipular a estupidez alheia em benefício próprio. Isso é o pior erro que se pode cometer, com consequências devastadoras, pois o comportamento estúpido de uma pessoa estúpida torna imprevisível as acções e reacções, fazendo com que o resultado esperado seja uma surpresa deveras desagradável.
5. "O estúpido é a pessoa mais perigosa que existe" Corolário associado "O estúpido é bem mais perigoso que o bandido" Esta lei e o respectivo corolário têm consequências sobre a sociedade global. Ao passo que o inteligente representa um ganho para toda a sociedade, o imprudente e o bandido apenas fazem uma transferência de riqueza ou de bem-estar entre si, mantendo assim o equilíbrio da sociedade global, o estúpido, por seu lado, como causa perdas e danos aos outros e a si próprio, contribui para o empobrecimento da sociedade e até possivelmente do declínio da civilização. Este declínio aumenta de possibilidade quando uma pessoa estúpida ocupa lugares de grande poder político, social e/ou económico.
Ora, analisando tudo isto, penso que o Prof. Cavaco Silva é um excelente
case study para este ensaio, visto ter seguido à risca todas as Leis aqui apresentadas aquando do famoso caso das escutas. Não será perigoso deixar que continue com o cargo de poder que actualmente ocupa? Fica a dúvida no ar...